SONO RUIM PODE CAUSAR MUTAÇÃO EM PROTEÍNA E LEVAR A ENXAQUECA.
Apesar da enxaqueca ter origem muitas vezes em fatores genéticos, pesquisas feitas pelo Departamento de Neurologia da Universidade de Los Angeles (EUA), apontaram que uma noite mal dormida pode sim provocar fortes dores de cabeça. Após um estudo feito com uma família que apresentava problemas de enxaqueca e distúrbios de sono, os pesquisadores conseguiram identificar uma mutação genética que seria uma das responsáveis pelas fortes dores. A descoberta pode ajudar a encontrar novos medicamentos que combatam esse mal, geralmente ligado a hereditariedade.
O trabalho teve início depois de reclamações de uma família que não conseguia dar fim às constantes enxaquecas que a atingiam. Ao analisar a história dos membros da família, descobriu-se que eles não só tinham enxaqueca, mas também a síndrome da fase do sono avançada. Todos adormeciam muito no início da noite e acordavam muito cedo pela manhã. A família passou por uma série de exames, tanto físicos como neurológicos e foi constatada uma mutação na substância caseína quinase 1 delta, uma importante proteína que é responsável pelo controle do ciclo do sono.
Após essa descoberta, os pesquisadores desconfiaram de que a mutação poderia ser a responsável pelas dores de cabeça. A partir daí, outra família que se queixou dos mesmos problemas (distúrbios do sono e enxaquecas) também passou pelos testes, e o resultado foi idêntico ao do grupo anterior – a presença da mutação na caseína quinase 1 delta. Segundo os autores do estudo, a mutação genética encontrada seria responsável por um tipo específico de enxaqueca, e não todas as variações desse tipo de dor. “Os genes foram clonados para um tipo de enxaqueca, a hemiplégica familiar, mas isso é completamente diferente da forma típica desse problema”, detalha Louis Ptacek, coautor do trabalho e professor do Departamento de Neurologia da Universidade de São Francisco.
Enxaqueca rara – Essa forma de enxaqueca é rara, é um subtipo que tem como característica uma fraqueza na metade do corpo. Estudos sobre essas dores de cabeça costumam investigar causas genéticas do mal. Uma das partes mais importantes da pesquisa, de acordo com os pesquisadores, é mostrar que problemas do sono estão relacionados, de alguma forma, a essa variação de dor. Eles acreditam que, com essa descoberta, métodos mais eficientes para tratar a doença poderão surgir. “Uma melhor compreensão dos genes e vias moleculares envolvidos na enxaqueca pode nos levar a tratamentos específicos, individualizados”, acredita um dos estudiosos. As pesquisas vão continuar e os cientistas buscarão entender os caminhos do cérebro pelos quais a mutação caseína quinase 1 delta leva à enxaqueca.
Fora de hora – A síndrome da fase do sono avançada está relacionada ao relógio biológico. O distúrbio faz com que a pessoa atrase ou adiante o horário de início de sono. No avanço de fase, a pessoa tem sono muito cedo, mais que três horas antes que o horário socialmente convencional, e acorda de madrugada, após o número de horas de sono de que necessita. No atraso de fase ocorre o contrário. Não há alteração na qualidade nem na quantidade de sono, mas a pessoa pode ter dificuldade para se adequar ao horário das atividades diárias, como a escola e o trabalho.
Fonte: Correio Braziliense